Primeiro?
Primeiro pensei que não sabia nada e que tudo restava por descobrir. Depois pensei que sabia tudo, e que o mundo não me havia ainda descoberto.
Ergui pedestais.Pavoneei-me ostenciosamente como quem corta primeiro a meta e exibe orgulhosamente o seu troféu.
Passeei-me pelas ruas e pelas gentes, portadora da boa nova, tão cheia de mim que não cabia nos demais.
Tropecei no mundo qual berlinde no meu pé. Virei as coisas de baixo para cima. E as coisas viraram-me de cima para baixo.
Ergui os olhos qual moleque que fita seu herói.
Despiu as vestes que o cobriam de veludos e rendas.
Vi-me assim sem saber por onde me ver.
Quis-me assim sem saber já como me ter.
Baixou os braços e só ali ficava, por não saber mais onde ficar.
Quis-se fruto do acaso. Havia sempre rumado em brumas de falácias que pedia sempre a alguém para inventar.
Aí? Aí fui servente, capataz, mestre d'obras, arquitecto enfim, de paredes que não são a minha casa. Sempre outra onde morar. Mas não a minha.
Fico por aqui hoje, não sei se me quero amanhã.
Fico por aqui amanhã, não sei se o ontem comigo quero levar.
Tanto para onde ir, pouco por onde ficar.
Tanto por escrever, nada por contar.
Depois?
Depois desenruguei uma folha em branco onde comecei a desenhar.
O moleque tinha no bolso o berlinde, e com o Mundo quer brincar. Bolinha de vidro onde se espelha a iris, sedenta de vibrar.
Gira, corre, salta e se depara.
Joga a mão na terra.
O Lance não foi certeiro.(Quem disse que havia sempre de acertar?)
Sacode a mão no calção púrpura desmaiado.
Partículas de pó se agitam no ar.
O dente cerra-lhe o lábio.
De joelho se prostra no chão.
O jogo não vai terminar.
sábado, 5 de dezembro de 2009
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