segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Meio Mas


Solene, enquadro o rosto entre duas páginas que o ladeiam.
Acabo por ver esses e vírgulas desfocados aqui e acolá.
O que leio em cada segundo é o que ecoa nas chávenas que tilintam e se acotovelam inquietas no balcão. O moinho do café resmunga impaciente. As pessoas vão e vêm e não sabem é estar quietas. O Goucha grunhe e logo soa uma pateada de cascos que retumbam.
(Espero não ter de fingir que leio todas as páginas)
Folheio mais algumas então - não todas (a medo que o intento cogitado se possa por si só esgotar).
Estou numa nova página (igualmente desconhecida). Tusso, como quem aquece a garganta e se prepara para falar. Debruço os olhos na primeira linha e logo me perco na segunda ou terceira palavra - É que nunca fui muito boa a aldrabar. Retomo-a novamente e nisto crio um compasso como quem faz birra e no amuo se baloiça a fim de se sossegar.
Sei que não vens porque te espero. Sei que bem me disseste para te não esperar... que nunca sabes a que horas vens, e que até gostas mesmo é de tardar.
Tardo eu aqui.
Sabes que até acho que já te vi passar.
Acenaste-me distraído... e não me parece que te vás sentar.
Fecho o livro.
Não.
Não te sigo.
Tenho medo de te não encontrar.

1 comentário:

David Martinho disse...

Gostei muito destes versos, tão descritivos que só dos ler pareço que estou lá :D 5 estrelas